Embora seja prático, o uso de porta-comprimidos pode interferir na qualidade e eficiência dos produtos
Armazenar medicamentos de uso contínuo ou eventual é uma prática comum, mas a maneira como é feita exige cuidado. Isso porque, a depender da forma que forem guardados, podem perder a eficácia, segurança e gerar riscos à saúde. As reações adversas vão desde alergias até quadros graves de intoxicação.
Farmacêutica e coordenadora adjunta do curso de Farmácia da Universidade Salvador (UNIFACS), Cristiane Metzker ressalta que os armários de cozinha ou banheiro e a parte de cima das geladeiras não são os locais adequados para mantê-los. “Assim como a insulina, alguns medicamentos devem ser refrigerados em prateleiras onde não há chances de contaminação por alimentos. Já outros em lugares com temperatura ambiente em torno de 25°C. Por isso, precisamos seguir as instruções da bula, que indicam as melhores condições de temperatura, exposição à luz e umidade”, orienta.
Além disso, ela reforça que é importante guardá-los longe de locais próximos ao chão, produtos de limpeza ou de perfumaria, bem como do alcance de crianças e animais de estimação. Caixas de sapato e bancadas propensas à incidência direta do sol também não são aconselhados. “Em caso de dúvidas, a dica é buscar esclarecimentos de um farmacêutico ou médico”, acrescenta a profissional.
De acordo com o Ministério da Saúde, outra forma de conservação é o armazenamento nas embalagens originais e junto com a bula. Os cuidados ainda incluem a não divisão dos comprimidos sem marcação e não abertura dos que são revestidos por cápsulas.
Porta-comprimidos
Em razão da praticidade, muitos utilizam os chamados organizadores para separar e lembrar de tomar seus comprimidos. Segundo a professora da UNIFACS, que integra o ecossistema Ânima, a retirada da cartela, frasco e caixa é uma ação inadequada que costuma comprometer os efeitos.
“É fundamental abrir apenas quando for consumir o medicamento e evitar colocá-lo em porta-comprimidos. Fora a perda da eficácia, a retirada da própria embalagem facilita o contato com o ar e a luz, aumentando a possibilidade de oxidação e transformação molecular. Isso pode acabar gerando um produto que não faz bem à saúde”, explica Cristiane Metzker.
A preservação da embalagem ainda permite o controle da validade. No caso de o prazo chegar ao fim ou de desuso, recomenda-se o descarte das sobras. Contudo, para este momento, também existe uma forma correta: o caminho não é o lixo tradicional, nem a descarga do vaso sanitário. Uma portaria do Governo Federal, publicada em 2020, determina a entrega em drogarias e farmácias que servem de pontos de recebimento.
Fonte: Tribuna da Bahia