‘Não tinha indicação de cesárea’, diz diretora após família denunciar hospital por negligência e violência obstétrica em parto

A diretora médica do Hospital da Mulher de Feira de Santana, a 100 km de Salvador, falou nesta quarta-feira (28) que a unidade apura a denúncia de negligência médica e violência obstétrica feita por uma família que perdeu o bebê 15 dias após o parto normal.

Jairo Silva Santos, pai do bebê, afirmou que a esposa, Michele Ribeiro, não tinha condições de passar por um parto normal. O motivo explicado por ele é que a mãe da criança tem placas de platina nas pernas e no pulso, devido a um acidente que sofreu há anos.

Segundo Andrea Alencar, diretora do hospital, o motivo pela solicitação da cesárea foi outro. Ela contou que a paciente solicitou este tipo de parto porque também queria fazer uma laqueadura tubária, um procedimento médico que pode ser feito em mulheres que não desejam engravidar novamente.

“Pela literatura médica, laqueadura tubária não é indicação para cesárea. O que precisa ser avaliado são as condições materno–fetais, que naquele momento do internamento não tinham nenhuma alteração. Não tinha indicação de cesárea”, contou.

Hospital da Mulher, em Feira de Santana — Foto: Jorge Magalhães

Hospital da Mulher, em Feira de Santana — Foto: Jorge Magalhães

Durante o parto, Michele teve dificuldades no expulsivo do bebê e foi preciso usar o fórceps, um instrumento médico utilizado para auxiliar na retirada do feto.

Ainda segundo a diretora, o uso do fórceps está “preconizado pelo Ministério de Saúde”, mas não configura violência obstétrica.

“Talvez o que a paciente esteja dizendo que foi a violência obstétrica foi a aplicação do fórceps. Parto fórceps não quer dizer que foi violência obstétrica”, afirmou.

 

Nas diretrizes nacionais da assistência ao parto normal, do Ministério da Saúde, o uso do fórceps está relacionado a casos onde há problemas com o bem estar do bebê.

“Considerar o uso de parto instrumental (vácuo-extrator ou fórceps) se não houver segurança quanto ao bem estar fetal ou prolongamento do segundo período”, é citado nas diretrizes.

A diretora Andrea Alencar ainda informou que o parto foi feito por uma equipe multidisciplinar e que o caso será apurado, levando em conta cada passo do procedimento. A prefeitura da cidade também abriu uma sindicância para apurar a situação.

Fonte: G1

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