Fiocruz alerta para aumento de casos de gripes em crianças na Bahia

Chuvas ininterruptas e aglomerações para não se encharcar e não tomar ‘vento’. Esse é o cenário do  inverno da Bahia, que embora não seja rigoroso como do sul e sudeste, é também propício para adquirir gripes e resfriados,  também conhecidas como doenças sazonais.

Para alertar a população e a rede de saúde pública, A Fiocruz publicou o boletim Infrogripe, no dia 1º de junho, que apontou as estatísticas das doenças sazonais, gripes e resfriados,  na população. Os dados apontam para uma necessidade de proteger mais as crianças, uma vez que o sistema imunológico delas são mais vulneráveis.

Conforme o boletim, nas crianças, principalmente na faixa até os dois anos, segue desde o mês de abril a manutenção do crescimento significativo de novos casos semanais e de internações por Vírus Sincicial Respiratório (VSR).

Também observou-se crescimento de casos de H1N1 em adultos associados ao vírus Influenza A, com um aumento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) na Bahia, no Acre, Alagoas, Amazonas, Amapá, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Piauí, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins.

Salvador, inclusive, está entre as 14 capitais que apresentaram sinal de crescimento da SRAG. Além da capital baiana, estão na lista as cidades Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Cuiabá (MT), João Pessoa (PB), Macapá (AP), Maceió (AL), Manaus (AM), Natal (RN), Porto Alegre (RS), Porto Velho (RO), Recife (PE), Rio Branco (AC) e Teresina (PI).

Um dado positivo que o boletim traz é a diminuição de adultos  infectados pela Sars-CoV-2 (Covid 19).  O vírus da Covid-19 saiu de um patamar de 80% dos casos positivos em março para um percentual de 53% nas últimas quatro semanas em pessoas a partir de 15 anos.

Os dados não são para causar temor na população, no entanto, é importante estar alerta e proteger as crianças, conforme explicam especialistas. A infectologista Ceuci Nunes afirma que os meses de maio e junho são a época de ter aumento dessas doenças.

“Não é nenhum espanto. É um boletim que está divulgando dados, apenas. Geralmente essas doenças aumentam na proximidade do inverno, como não temos um inverno rigoroso, temos estação da chuva quando as pessoas ficam mais aglomeradas e por isso as doenças aumente”, diz.

Conforme a infectologista, a questão preocupante é que existem circulando no Brasil, como um todo, vários vírus que atingem crianças. “O influenza acomete crianças, então temos aumento de casos em crianças, isso está percebido, crianças com síndrome aguda grave, necessidade de internamento. Tem determinados vírus que acometem faixas etárias mais do que outras”, informa.

Ceuci Nunes orienta a população a evitar que pessoas com síndromes gripais se aproximem de crianças. “E se uma criança estiver tossindo, não é para ir para escola, para não passar para outras crianças”, aconselha.

Segundo a especialista, os tipos de Influenza podem até variar, mas os casos de H1N1 relatados não são motivo para pânico. “O H1N1 nunca deixou de estar entre nós. Desde 2009 quando teve a  grande epidemia, continuamos convivendo com o H1N1”, acrescenta.

Ceuci é enfática na prevenção. “Tudo vai depender do nível de vacinação da população”.

O pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe, destaca que, na população a partir de 15 anos, observa que nas últimas quatro semanas (23 de abril a 20 de maio), cerca de 31% dos casos positivos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) nesse público estavam associados ao vírus influenza A, sendo o vírus H1N1 a maioria dos subtipados.

Ainda de acordo com o boletim, no cenário epidemiológico geral do país, há sinal moderado de crescimento. Das 27 unidades federativas do Brasil, 19 apresentam tendência de crescimento.

“Enquanto em algumas dessas capitais o sinal é compatível com oscilação em período de baixa atividade, em outras se observa manutenção de crescimento expressivo de SRAG apenas entre as crianças. No entanto, também é possível identificar crescimento no número de capitais com aumento também na população adulta, decorrente de aumento recente nos casos associados aos vírus influenza A e B”, destaca Marcelo.

O infectologista Roberto Badaró faz coro com as palavras de Ceuci e diz que não é algo que está matando pessoas, mas são doenças que incomodam. “O ideal é evitar aglomerações, se preocupar com as crianças e protegê-las. Se tiver sintomas, não levar para as escolas. São as doenças sazonais, comuns neste período. Eu, por exemplo, o resto da minha vida vou usar máscaras em avião e elevadores’, comentou.

 

Fonte: Tribuna da Bahia

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